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 Legislação 

A legislação em vigor relativa ao limite máximo de resíduos (LMR) varia bastante consoante a região do mundo em questão, estando os europeus bem mais protegidos do que os norte-americanos ou os australianos, como se pode ver através da tabela abaixo representada dos LMR na água potável nestes três locais

Variação dos LMR do Glifosato consoante as regiões do mundo

No entanto, não basta olhar-se para os LMR para se ter a certeza de que não se está sujeito a efeitos tóxicos do glifosato. É necessário olhar-se também para outros parâmetros de avaliação de toxicidade, como os que estão representados na tabela abaixo.

- ADI representa a quantidade máxima de uma substância a que um indivíduo pode estar exposto diariamente durante a sua vida inteira sem sofrer efeitos prejudiciais associados a essa substância;

- NOAEL representa a dose máxima a que um indivíduo pode estar exposto sem sofrer efeitos adversos associados a uma dada substância;

- NOAEL Maternal tem o mesmo significado que o NOAEL mas tem um valor mais baixo pois é calculado para grávidas/mães a amamentar;

- NOEL representa a dose máxima a que um indivíduo pode estar exposto sem sofrer efeitos associados a uma dada substância. Estes efeitos não são considerados prejudiciais;

- AOEL representa a quantidade máxima de substância a que um operador pode estar exposto sem sofrer efeitos adversos.

- ARfD representa a quantidade máxima de substância a que se pode estar exposto por via oral, em 24h, sem sofrer efeitos adversos.

- cRfD representa a quantidade máxima de substância a que se pode estar exposto por via oral, por dia, sem sofrer efeitos adversos durante a vida.

Vistos os parâmetros de avaliação toxicológica, pode pensar-se que, embora os LMR de glifosato na água sejam baixos na Europa (0,1µg/L) e também nos alimentos o LMR seja geralmente entre 0,025-2mg/kg, com a exceção dos cereais em que é de 30mg/kg, e tendo em conta o valor de ADI de 35mg/dia para um indivíduo de 70kg, pode concluir-se que em termos de consumo de água potável estamos bem protegidos dos resíduos de glifosato, porém os LMR nos alimentos poderiam ser um pouco mais baixos de modo a haver um melhor controlo da exposição a este herbicida através da alimentação, pois há estudos [3] que indicam que o glifosato pode causar efeitos tóxicos mesmo em níveis abaixo dos limites regulamentados.

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Além da exposição através da água e dos alimentos, é importante analisar-se os parâmetros toxicológicos tendo em conta o grupo de risco que são os agricultores. Existe um estudo realizado no Reino-Unido e na Alemanha que avaliou a exposição de agricultores ao glifosato, combinando os dados obtidos com a %AOEL a que estes trabalhadores estavam expostos, tendo comparado os dados de agricultores que reportaram utilizar sempre equipamento pessoal de proteção (EPP). O estudo avaliou também a exposição de residentes próximos dos campos destes agricultores e de pessoas que costumavam passar perto dessa área mas que não habitavam lá. Os resultados deste estudo estão representados nas tabelas abaixo.

    Verifica-se, neste estudo, que mesmo os agricultores que usavam equipamento de proteção estavam, por vezes, sob uma exposição muito superior à recomendada ao glifosato. Já os dados entre os transeuntes e residentes junto de campos agrícolas onde são aplicados herbicidas à base de glifosato não são tão graves, levando a querer também que a exposição ao glifosato através da alimentação não é tão elevada quanto isso, pois se entre indivíduos que habitam junto estes campos agrícolas a %AOEL em crianças é de 20,8%, a %AOEL em pessoas que habitam longe deste tipo de habitações deverá ser bem menor, havendo um estudo [4] que analisou alimentos consumidos por grávidas quanto aos resíduos de glifosato em que concluíram que, embora este tenha sido detetado em cerca de 75% dos alimentos, a concentração total era menor do que 0,4% do ADI.

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